Por Letícia Camargo
Muitos investidores investem por meio do Tesouro Direto como uma opção para alcançar seus objetivos financeiros, mas poucos sabem que o momento da venda pode impactar o retorno do investimento. Embora seja possível resgatar títulos antes do vencimento, é essencial entender como cada tipo de título funciona para evitar prejuízos e garantir que o planejamento esteja alinhado com os seus objetivos.
Esse entendimento passa a ser ainda mais importante agora em que as taxas de juros no Brasil estão subindo e a rentabilidade de alguns investimentos deve estar negativa.
É sobre isso que trata esse artigo.
Tipos de títulos do Tesouro Direto
Antes de mais nada, temos que esclarecer que há basicamente três títulos Tesouro. São eles:
Tesouro Selic – É pós-fixado, sendo remunerado pela Taxa Selic. O mais conservador de todos. O seu valor quase não sofre com as alterações da taxa de juros do mercado.
Tesouro Prefixado – É um título prefixado, ou seja, remunerado por uma taxa de juros fixa determinada no momento da compra. Ele já traz algum risco e pode sofrer variações de preço com as alterações da taxa de juros no mercado.
Tesouro IPCA – É um título híbrido, sendo remunerado por uma taxa de juros fixa determinada no momento da compra mais a correção pela inflação apurada pelo IPCA. Também possui algum risco e pode sofrer variações de preço com as alterações da taxa de juros no mercado.
Flexibilidade de resgate do Tesouro Direto: como e quando fazer
É possível resgatar seus investimentos no Tesouro Direto, mesmo antes do vencimento. Isso pode ser feito a qualquer momento, desde que o mercado esteja aberto para negociações (no horário das 9h30 às 18h00, em dias úteis).
Um ponto importante é o prazo para o valor estar disponível na conta… Para os resgates feitos até as 13h00, os recursos são creditados no mesmo dia, a partir desse horário. Já para os realizados depois disso, o pagamento será no próximo dia útil.
Entretanto, em períodos de maior volatilidade, o sistema pode ser temporariamente suspenso. Assim, é sempre bom acompanhar as condições do mercado, especialmente se você precisar do dinheiro para arcar com algum compromisso financeiro.
Por que o Tesouro Selic é indicado para emergências?
Como já mencionado, o Tesouro Selic é um título pós-fixado que segue a taxa básica de juros (Selic), e é o mais conservador de todos os títulos negociados na plataforma do Tesouro Direto. Por isso, mesmo em um resgate antecipado, o investidor recebe os juros proporcionais ao período em que manteve o investimento. Isso o torna uma opção mais adequada para quem precisa de liquidez e quer evitar perdas financeiras nos resgates antecipados, já que ele praticamente não sofre impacto com a alta das taxas de juros como os outros títulos do Tesouro.
Inclusive, a facilidade de receber os recursos em até um dia útil é um dos motivos pelos quais muitos investidores utilizam o Tesouro Selic como parte da reserva de emergências. Além disso, como esse título é o mais conservador e praticamente não sofre com as movimentações do mercado, não há interrupções de negociação para ele nos momentos de estresse no mercado como ocorre com os outros títulos. Dessa forma, investindo no Tesouro Selic não há risco de o investidor não poder sacar seus recursos no momento em que desejar.
Riscos ao resgatar títulos prefixados e atrelados à inflação
Enquanto o Tesouro Selic garante previsibilidade, por ser quase nada volátil, os títulos prefixados e os híbridos podem ser afetados pelas oscilações de mercado. Isso ocorre porque no resgate, o investidor venderá seus títulos pelo preço de mercado naquele momento. Sendo que esse preço pode ser maior ou menor do que o da compra do título, dependendo das condições de mercado.
Funciona assim: se as taxas de juros aumentarem após a compra do título, o preço desses papéis tende a cair. Caso o investidor precise vendê-los antecipadamente nesse momento, pode acabar realizando um prejuízo.
No entanto, se o título for mantido até o vencimento, o investidor receberá exatamente a rentabilidade pactuada na compra.
Por isso, é essencial ter uma estratégia bem definida para a compra desses títulos e escolher vencimentos que coincidam com os prazos dos seus objetivos para não precisar resgatá-los antecipadamente.
Como minimizar os riscos no planejamento financeiro
Aqui estão algumas estratégias para evitar perdas e garantir um bom retorno nos investimentos em títulos públicos:
- Tenha uma reserva de emergência: Mantenha parte dos seus recursos em investimentos de alta liquidez e baixo risco, como o Tesouro Selic. Assim, você evita ter que vender títulos com prejuízo em momentos de urgência.
- Acompanhe o cenário econômico: Entenda o comportamento das taxas de juros. Se elas estiverem subindo, pode não ser um bom momento para vender títulos prefixados ou atrelados à inflação.
- Alinhe o vencimento dos títulos aos seus objetivos: Se você planeja comprar um bem ou realizar um sonho em dois ou três anos, escolha um título com vencimento próximo a essa data. Isso minimiza a necessidade de resgates antecipados.
Planejamento e informação são fundamentais
Os títulos do Tesouro Direto são uma excelente opção para quem busca rentabilidade e segurança, mas é preciso entender como cada tipo de título se comporta ao longo do tempo. Com uma reserva de emergências bem estruturada e vencimentos alinhados aos seus objetivos, você reduz o risco de perdas e aproveita ao máximo os benefícios desses investimentos.
Estar bem informado e adotar uma estratégia cuidadosa é essencial para que o seu dinheiro trabalhe a seu favor, mesmo em momentos de incerteza econômica.
Letícia Camargo é graduada em Economia pela PUC-Rio, cursou MBA em Finanças pelo IBMEC, é certificada CFP®️ pela Planejar, e possui especialização em Psicologia Econômica pela Vértice Psi e Irrational Behavior EAD na Duke University. Atua como planejadora financeira pessoal e empresarial, professora e palestrante.