Por Caco Santos CFP®
“Quem não tem cicatriz no corpo, tem cicatriz na alma”, dizia minha mãe. Para ela, criança que fosse muito arrumadinha, que não se sujasse na rua ou se ralasse no quintal de vez em quando, era alguém que não brincava o quanto poderia.
Portanto, ela sempre foi uma mãe que nos empurrava para fora do sofá, da casa, da cidade ou do país. Sempre incentivou a mim e a meus irmãos a tomarmos riscos, a nos expormos, sabendo que teríamos cicatrizes. Veja, não “se”, mas “que” as teríamos. Machucar-se faz parte do processo de aprendizagem, na visão dela, fortalece-nos na experiência.
Lembrei disso recentemente, quando quebrei um dedo do pé ao tentar fazer um movimento arriscado em meus exercícios habituais e me dar mal. Terei para sempre uma cicatriz no osso, mas ficarei com o aprendizado de só tentar fazer esse movimento em um local adequado. Ponto para a sabedoria materna.
O que ela não me contou (ou considerou) nessa filosofia foi sobre “efeitos colaterais”. O erro em uma fração de segundo no meu movimento (por uma tomada de um risco inconsequente, ainda que inconsciente) deixou-me por 30 dias sem dirigir, para dizer o mínimo. Nesse período, o incidente mudou a minha dinâmica familiar de levar filha na escola, aumentaram os gastos com táxi ou aplicativo, compromissos tiveram que ser remanejados, entre outras consequências. Claro, adaptamo-nos e convivemos, nada de muito grave ou permanente, neste caso.
E o que isso tem a ver com finanças pessoais?
Tudo! Porque nossas finanças dependem de decisões e comportamentos diários, que muitas vezes deixamos no automático, ou pior, terceirizamos, adotando nessa ocasião uma atitude inconsequente, como foi meu movimento de ginástica. Um erro de avaliação “bobo” pode ter consequências consideráveis.
Exemplos: investimentos mal assessorados, um seguro mal contratado, comprometer-se com uma despesa sem pensar a fundo, comprar ou vender um imóvel sem considerar as variáveis financeiras e não econômicas. Ou, ainda, casar-se sem discutir o regime de bens ou separar-se do cônjuge sem avaliar os efeitos nas finanças, nos filhos, as consequências de segunda, terceira e tantas outras ordens.
Nos expomos todos os dias, a cada decisão, por mais corriqueira que seja. Podemos acertar ou errar. Faz parte da vida e tem que ser assim. Teremos cicatrizes.
Mas é possível minimizar a chance de erros importantes cercando-se de conselheiros capazes e experientes. Gente que te ouça com atenção e cuidado, que tenha suas próprias cicatrizes, que tenha conhecimento técnico e de experiências de outros casos, que te ajude a evitar males muitas vezes desnecessários e prejuízos (financeiros, emocionais, econômicos…) evitáveis.
Pagar bons profissionais te ajuda a trilhar um caminho mais rápido e seguro. Normalmente, sai mais barato do que tentar sozinho. Uma decisão ruim por impulso pode ter consequências nefastas, longas e com efeitos sobre terceiros que não participaram dela, assim como foi com meu pé. Para pensar…
Caco Santos CFP® é planejador financeiro pessoal especializado em sucessão e riscos, integrante da Alocc Gestão de Patrimônio.
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