Por Letícia Camargo
Já ouviu falar em desinvestimento? Pois é… Quando chega o tão esperado momento da aposentadoria, muitos se encontram em um dilema sobre como fazer o desinvestimento do dinheiro. Ou seja, como gerenciar os recursos acumulados, efetuando os resgates necessários ao longo dos anos para complementar o que irá receber de aposentadoria e eventuais aluguéis ou pensões.
É comum ver pessoas com medo de gastar o dinheiro por receio de que ele acabe antes do esperado, enquanto outras gastam de maneira desenfreada, como se o dinheiro fosse infinito ou se não houvesse amanhã. Mas, afinal, qual seria a medida correta? Já adianto que o equilíbrio é fundamental, e só pode ser alcançado por meio de um bom planejamento financeiro.
Planejamento financeiro para o desinvestimento
O primeiro passo para um desinvestimento eficiente é entender que os resgates na aposentadoria devem ser planejados com o mesmo cuidado dos aportes na fase de acumulação. Definir um valor de resgate mensal é primordial para manter a disciplina financeira e garantir que os recursos vão durar pelo tempo estimado.
Para saber qual é o valor a ser resgatado mensalmente são necessários alguns cálculos de matemática financeira. Mas, para explicar de uma forma simplificada, considere algo entre 2,5% e 6% do montante total por ano. Ao chegar no valor anual, divida o mesmo por 12 meses para considerar os valores mensais.
Mas porque esse percentual varia tanto de 2,5% a 6% ao ano? Então… Esse percentual vai depender do rendimento acima da inflação de sua carteira de investimentos, considerando se é mais conservadora ou mais agressiva.
Dessa forma, você terá o que a gente chama de “perpetuidade dos seus investimentos”, ou seja, poderá resgatar esse valor (corrigido pela inflação) indefinidamente, sem utilizar o principal do valor investido. E, o que é ainda melhor, você manterá o poder de compra desses recursos, que serão corrigidos pela inflação ao longo dos anos.
Estratégia de resgate mensal
Após definir esse valor, o ideal é resgatá-lo no início de cada mês e investi-lo em uma aplicação separada, de baixo risco e que permita resgates diários.
Essa estratégia facilita o controle dos gastos mensais e permite que a pessoa tenha uma visão clara de quanto pode gastar. Essa estratégia também busca reduzir a tentação de fazer resgates adicionais ao longo do mês, promovendo uma gestão mais consciente dos recursos.
Se ao final do mês houver sobra, essa quantia pode ser destinada para outros objetivos, como viagens ou a troca do carro, por exemplo. Assim, os recursos são usados de forma planejada, proporcionando segurança e tranquilidade.
A importância de seguir o planejado
Para manter a segurança financeira na aposentadoria, é fundamental seguir o planejamento estabelecido. Isso significa não ceder à tentação de resgatar mais do que o previsto, mesmo diante de novos desejos de consumo.
Agora não se esqueça da regra principal: caso os resgates sejam maiores do que os juros reais dos investimentos, você utilizará parte do principal e isso fará com que haja uma perda no seu poder de compra ao longo do tempo e, em algum momento, os seus recursos podem chegar ao fim.
Por tudo isso, o auxílio de um planejador financeiro pode ser de grande importância para te auxiliar nessas contas e no direcionamento dos seus recursos para o que realmente importa na sua vida.
Evitando os extremos no desinvestimento: nem medo de gastar, nem exageros
Equilibrar a gestão financeira na aposentadoria requer disciplina e um entendimento claro das necessidades e desejos. Pessoas que têm medo de gastar muitas vezes deixam de aproveitar a vida, vivendo de maneira restritiva. Já aquelas que gastam sem controle, podem se ver sem recursos em um momento crítico. Por isso, seguir o planejamento é essencial para evitar ambos os extremos.
Com a orientação correta, é possível equilibrar o uso dos recursos, garantindo qualidade de vida sem comprometer o futuro. Portanto, planeje-se, siga o plano e desfrute de uma aposentadoria tranquila.
Como vimos, o desinvestimento na aposentadoria é um momento importante que exige atenção e disciplina. Um planejamento financeiro bem estruturado, com resgates mensais definidos e controle dos gastos, é a chave para aproveitar a aposentadoria com segurança e tranquilidade.
Letícia Camargo é graduada em Economia pela PUC-Rio, cursou MBA em Finanças pelo IBMEC, é certificada CFP®️ pela Planejar, e possui especialização em Psicologia Econômica pela Vértice Psi e Irrational Behavior EAD na Duke University. Atua como planejadora financeira pessoal e empresarial, professora e palestrante.