Por Danielle Santos
A questão de pedir dano moral na Justiça por traição conjugal é um tema complexo e sensível. Atualmente, não existe uma legislação específica no Brasil que estabeleça o direito de indenização por traição conjugal, mas indenizações podem ser aceitam em determinadas situações.
É o que veremos no curso deste artigo.
Quais as questões jurídicas que podem ser passíveis de dano moral na Justiça brasileira?
Existem várias questões jurídicas que podem ser passíveis de dano moral na justiça brasileira. Alguns exemplos comuns incluem:
- Calúnia, difamação ou injúria: Quando alguém é alvo de afirmações falsas que prejudicam sua reputação ou imagem.
- Violação de privacidade: Divulgação não autorizada de informações pessoais, como dados sensíveis, fotografias íntimas ou correspondências privadas.
- Discriminação e preconceito: Sofrer discriminação com base em raça, gênero, orientação sexual, religião, deficiência ou qualquer outra característica protegida pela legislação brasileira.
- Acidentes de trânsito ou acidentes de trabalho: Casos em que a negligência ou conduta imprudente de terceiros resulta em danos físicos ou psicológicos.
- Danos causados por instituições: Abusos cometidos por instituições como hospitais, escolas, empresas ou órgãos governamentais, que causem sofrimento emocional ou lesões à honra e dignidade.
- Danos morais decorrentes de relações familiares: Casos de abandono afetivo, violência doméstica, alienação parental, entre outros, que causem danos psicológicos significativos.
Vale ressaltar que cada caso é único, e a caracterização do dano moral depende das circunstâncias específicas e das decisões judiciais.
De que forma a reparação por dano moral abrange a infidelidade?
No sistema jurídico brasileiro, geralmente, o dano moral é passível de reparação quando há uma ação que cause lesão à honra, imagem, dignidade ou moral da pessoa, resultando em sofrimento psicológico ou emocional significativo. Nesse sentido, algumas situações de traição conjugal podem caracterizar violação do dever de fidelidade, podendo gerar abalo emocional e, eventualmente, dano moral.
No entanto, é importante ressaltar que cada caso é único e as decisões judiciais podem variar de acordo com as circunstâncias individuais e a jurisprudência predominante na região em que o caso é julgado. É importante ressaltar que essa questão requer a comprovação do sofrimento emocional e do impacto negativo causado pela infidelidade.
Quais providências jurídicas posso tomar com relação à infidelidade conjugal?
A infidelidade conjugal, em si, não é considerada um crime no Brasil e não existe uma ação específica na Justiça exclusivamente relacionada a esse tema. No entanto, existem algumas providências jurídicas que podem ser tomadas em casos de infidelidade conjugal. Algumas opções são:
- Divórcio: Caso a infidelidade seja um motivo que comprometa a relação conjugal, é possível buscar o divórcio. O divórcio pode ser feito de forma consensual, quando ambas as partes estão de acordo, ou litigioso, quando há desacordo sobre os termos da separação.
- Dissolução de união estável: Se você e seu parceiro estão em uma união estável e ocorre infidelidade, é possível buscar a dissolução da união estável nos mesmos moldes do divórcio.
- Pensão alimentícia: Se a infidelidade resultar em uma gravidez extramatrimonial ou em qualquer outra situação que exija suporte financeiro para uma criança ou outro dependente, é possível buscar o reconhecimento da paternidade e pleitear uma pensão alimentícia por meio de ação judicial.
- Partilha de bens: No momento do divórcio ou dissolução da união estável, você tem direito a pleitear a partilha dos bens adquiridos durante a relação, de acordo com o regime de bens escolhido ou a legislação aplicável. No caso de união estável não formalizada, a partilha, em princípio, será sobre os bens adquiridos (comprados) por ambos os conviventes durante a relação.
Já ouvi falar que a traição diz respeito ao foro íntimo e não a indenizações financeiras? O que significa isso?
A afirmação de que a traição conjugal diz respeito ao foro íntimo e não está diretamente associada a indenizações financeiras reflete uma visão predominante na sociedade e no sistema jurídico brasileiro. Existem alguns argumentos principais para essa perspectiva:
- Caráter subjetivo: A traição é considerada uma questão de foro íntimo porque envolve aspectos emocionais, afetivos e pessoais das relações conjugais. A lealdade e a fidelidade são valores subjetivos que variam de acordo com as crenças e os valores de cada indivíduo.
- Dificuldade de quantificação: A infidelidade conjugal é um evento complexo e multifacetado, e é difícil estabelecer uma relação direta entre o ato de traição e os danos financeiros sofridos por uma das partes. Avaliar o impacto financeiro preciso da traição na vida de uma pessoa é um desafio, uma vez que o dano geralmente é mais de natureza emocional.
- Princípio da não interferência estatal nas relações privadas: Existe um princípio jurídico que preconiza a não interferência excessiva do Estado nas questões privadas e íntimas dos indivíduos, a menos que haja um prejuízo claro e objetivo.
Esses argumentos contribuem para a visão de que a traição conjugal é uma questão de foro íntimo e não necessariamente um fundamento para indenizações financeiras.
No entanto, é importante ressaltar que o sistema jurídico está sujeito a mudanças e interpretações diversas, e que, em algumas situações excepcionais, podem existir casos em que danos financeiros associados à traição possam ser reconhecidos. É sempre recomendável consultar um advogado especializado para obter orientação jurídica específica sobre o seu caso.
O que eu posso fazer para sanar o sofrimento de uma traição conjugal?
Lidar com o sofrimento causado por uma traição conjugal é um processo pessoal e complexo. Cada pessoa reage de maneira diferente e encontra formas únicas de lidar com essa situação.
Seguem algumas sugestões que podem ajudar no processo de superação:
- Comunique-se: Busque uma comunicação aberta e honesta com seu parceiro, expressando seus sentimentos e preocupações. Isso pode ser feito através de conversas calmas e respeitosas.
- Procure apoio: Busque apoio emocional em amigos, familiares ou grupos de apoio, onde você possa compartilhar seus sentimentos e obter suporte e compreensão.
- Busque ajuda profissional: Considerar a terapia individual ou de casal pode ser benéfico para trabalhar as emoções e ajudar na reconstrução da confiança e do relacionamento.
- Cuide de si: Priorize o autocuidado e foque em atividades que lhe tragam alegria e bem-estar, como hobbies, exercícios físicos, meditação ou outras práticas que você goste.
- Dê tempo ao tempo: Permita-se passar pelo processo de cura e aceitação. É normal levar tempo para superar uma traição e reconstruir a confiança.
- Avalie suas opções: Se a infidelidade persistir ou não for possível reconstruir a confiança e o bem-estar na relação, pode ser necessário considerar opções como a separação ou o divórcio. Refletir sobre suas necessidades e buscar o aconselhamento de um advogado especializado pode ser útil nesse momento.
Lembre-se de que cada pessoa e relacionamento são diferentes, e é importante encontrar um caminho que seja melhor para você. O mais importante é cuidar de si mesma, buscar apoio e tomar decisões que contribuam para o seu bem-estar emocional.
Danielle Santos é advogada militante na defesa dos direitos e solução dos conflitos familiares, especializada em Direito de Família e Sucessões em Recife/PE.
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